quarta-feira, 7 de maio de 2008

por todo o hoje

Esse tempo que não passa,
nem passeia,
o tempo só me trapaceia,
enquanto lentamente passa,
coisa feia, fazendo pirraça
da desgraça alheia!
Esse tempo que não pára
lentamente de passar,
deixando tudo mais além,
melodia quebrando
o silêncio de alguém.
Pra que prece, pra que praça,
se esse tempo não tem pressa?
Quanto mais lentamente passa,
mais aumenta essa falta de ar,
esse estado ausente, latente,
esse hoje que não quer parar.
Esse cheiro romã, essa febre terçã,
até mesmo esse afã de nós dois,
tudo tem de esperar pra amanhã,
renegado a esse mero depois.


poesia: Múcio Góes

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