Extraído do livro "O amor natural", Editora Record – RJ, 1992, pág. 29.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
A língua girava no céu da boca
Extraído do livro "O amor natural", Editora Record – RJ, 1992, pág. 29.
domingo, 22 de junho de 2008
[...]
nunca quis ser freguês distinto
pedindo isso e aquilo
vinho tinto
vinho tinto
obrigado
hasta la vista
queria entrar
com os dois pés
no peito dos porteiros
dizendo pro espelho
- cala a boca
e pro relógio
abaixo os ponteiros
terça-feira, 17 de junho de 2008
Tempo de menino
Achava lindo quando era São João
Numa palhoça, um sanfoneiro animado
Puxava o fole entoando uma canção
A molecada se juntava no terreiro
E, mesmo sem dinheiro não faltava diversão
Brincar de pega, de esconder, de cabra-cega
Pular fogueira, pau-de-sebo ou garrafão
Dançar quadrilha era tudo que eu queria
Mas era novo e não sabia dançar, não!
Então ficava observando, abestalhado
Atordoado com a beleza de um balão
Naquele tempo a meninada inocente
Ficava a gente admirado com o clarão
Que deslizando pelo céu piscava longe
Alimentando aquela doce ilusão
Quando a quadrilha terminava era de dia
Toda Maria encontrara seu João
Agora fico revirando o pensamento
Volto no tempo e não contenho a emoção.
poesia: Suelyton Melo
foto: Kiko Neto
domingo, 15 de junho de 2008
Hoje
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Retiro
Quando o mar, meu confidente,
Empresta o sal à brisa fresca da manhã.
Eu deixo passos fundos na areia branca
Quando a brisa, minha companheira,
Provoca o vai-e-vem das ondas.
Eu miro o sol que brilha sobre nós
Mergulha em nuvens para não me enrubescer.
Eu sinto o véu de água sob os pés
Quando a água, minha namorada,
Alisa a areia provocando espuma.
Eu logo mudo a trajetória evitando as ondas
Quando a areia, minha delatora,
Revela o novo rumo que tomei.
Eu busco segurança sobre as pedras
E, quando as pedras, meros figurantes,
Acatam os fortes golpes das ondas do mar.
Eu deito e fico contemplando as nuvens.
domingo, 8 de junho de 2008
temporão
hoje
eu vou
mudar de ares
vou
colorir
os colares
hoje
eu vou
quebrar o clima
dar
um tapa
na solidão
hoje
é dia
de faxina
aqui no meu porão
poesia: mister m
foto: antonio costa
terça-feira, 3 de junho de 2008
curta esse curta
esse filme não tem replay,
só vai passar uma vez
na frente da sua janela.
corra enquanto é tempo,
cinzas na boca do vento,
esse filme não vai deixar.
ponha seu vestido francês,
faça um coque no cabelo,
que esse filme, para vê-lo,
é preciso tal elegância,
como naquele filme inglês,
que você viu certa vez
lá nos meados da infância.
corra enquanto é tempo,
cinzas na boca do vento,
esse filme não vai deixar.
ponha um cravo na lapela
dessa sua janela sem cor,
capriche naquele perfume,
que encanta até vagalume
com o doce do seu olor.
e assim, preste a atenção,
para não cometer engano,
naquela cena de emoção,
sou eu o ator principal,
que acena e diz
eu te amo.
poesia: mister m
foto: Pedro Monteiro