sexta-feira, 14 de março de 2008

A bunda, que engraçada






A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.


Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda
redunda.


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

foto: Alipio Padilha



3 comentários:

Lica Ornelas disse...

de Drummond, degusto uma panela inteira! ;D

Unknown disse...

menino obsecado por covinhaaas?
neeeeeem um pouquinho/
+-?
nao?
nunca foi?
huuumm.ta!

linha exaltada disse...

é bom descobrir que fotos antigas ainda inspiram blggers pela net fora...incrível esta net.